O que já se convencionou chamar de primavera árabe – ou o conjunto de manifestações que vem ocorrendo no mundo árabe desde que o tunisiano Mohamed Bouazizi ateou fogo ao próprio corpo, gerando a onda protestos que derrubou os presidentes Ben Ali e Hosni Mubarak e que ameaça os regimes sírio, iemenita e barenita – ainda é um fenômeno de causas e consequências indefinidas.
A principal característica identificada por Sami Zubaida, é a ausência de slogans islâmicos na primavera árabe. É importante entender que o islamismo não é uma “coisa”, mas um “idioma” através do qual várias ideias se manifestam. Segundo Zubaida, o Islã é o que restou depois de décadas de repressão e é por isso que os slogans islâmicos não estão presentes na maior parte dos protestos que varrem os países árabes.
Existe um jeito voraz nas expressões dos manifestantes, que clamam por empregos, serviços, democracia e melhores condições de. Para Charles Tripp, reclamar física e simbolicamente o espaço público é uma das principais características da primavera árabe. Existe, segundo ele, uma tentativa estratégica e simbólica de dominar o espaço público, o que pode ser visto nas representações materiais (grafites, aglomerações, passeatas) que tem uma ideia de reocupar o lugar que deveria pertencer ao público. O que antes era um espaço disciplinador transforma-se em espaço para mobilização popular. As humilhações do regime eram públicas, então agora o público humilha seus governantes perante o mundo. De vítimas, os manifestantes passam a mestres do espaço publico.
Nenhum comentário:
Postar um comentário